Começando 2019 - coletânea " Cem poemas, Cem mil sonhos" - Starling Consultores Associados (SCA).
Tenho muito a agradecer a Deus, pois enviei um soneto e um poema para a avaliação da Starling Consultores Associados e, para nossa agradabilíssima surpresa, os dois foram classificados para fazer parte dessa coletânea.
Lançamento nos próximos meses em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
A Deus agradeço e dou fé.
A Passeata dos Cem Mil
A Passeata dos Cem Mil foi uma manifestação popular contra a Ditadura Militar no Brasil. Organizada pelo movimento estudantil, ocorreu em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira.
Prisões e arbitrariedades eram as marcas do governo militar frente as crescentes manifestações dos estudantes contra a ditadura que se instalara no país, em 1964. A repressão policial atingiu seu apogeu em março de 1968, com a invasão do restaurante universitário "Calabouço", onde os estudantes protestavam contra a elevação do preço das refeições. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, matou o secundarista Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, com um tiro à queima roupa no peito.
Diante da repercussão negativa deste e outros episódios, o comando militar acabou permitindo uma manifestação estudantil. Logo pela manhã de 26 de junho, os participantes da passeata já tomavam as ruas da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. A marcha começou às 14h, com cerca de 50 mil pessoas. Uma hora depois, esse número já havia dobrado.
Além dos estudantes, também artistas, intelectuais, políticos e outros segmentos da sociedade civil brasileira juntaram-se à passeata, tornando-a uma das maiores e mais expressivas manifestações populares da história republicana brasileira.
Ao passar em frente à igreja da Candelária, a marcha cessou para ouvir o discurso inflamado do líder estudantil Vladimir Palmeira (que nesta antologia, nos brinda com uma entrevista inédita).
Tendo à frente uma enorme faixa, com os dizeres: "Abaixo a Ditadura. O Povo no poder", a passeata prosseguiu, durante três horas, encerrando-se em frente à Assembleia Legislativa, sem conflito com o forte aparato policial que acompanhou toda a manifestação.
Como se sabe, o fim da Ditadura Militar no Brasil só veio 21 anos depois (1964-1985), culminando na promulgação, em 5 de outubro de 1988, da nova “Constituição Cidadã”, que ora faz 30 anos, marco do processo de redemocratização do país.
A antologia “CEM POETAS, CEM MIL SONHOS” dá início ao projeto e coleção “Ágora Virtual”, plataforma para publicações digitais e gratuitas, de caráter poético, filosófico, humanístico e sociológico, sem cunho político/partidário ou religioso/confessional.
RODRIGO STARLING
Filósofo, escritor e poeta. Pós graduado em Gestão de Políticas Sociais (PUC Minas) e mestre em Ciências Políticas (ULHT Lisboa). Natural de Belo Horizonte/MG, É poeta, escritor e editor (selo Starling), autor de oito livros. Membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – ALTO, possui textos em coletâneas do Brasil e exterior. Sócio-Fundador da Starling Consultores Associados, Preside o Centro Mineiro de Voluntariado Transformador - MINAS VOLUNTÁRIOS. Laureado, dentre outros: Menção Nosside XXIV – UNESCO World Poetry Directory; Medalha Resgate da Cidadania (2008) e Medalha Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - INBRASCI (2012). Em 2013, foi nomeado Embaixador pelo CUAP - Cercle Universel des Ambassadeurs de La Paix (Genebra/Suiça & Orange/França). Em 2015 e 2016, atuou, respectivamente, como moderador (Rio Dialogues) e Consultor (PNUD/UNV), ambos junto a Organização das Nações Unidas - ONU.
Fonte:Superintendência Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário de Minas Gerais.
CEM POEMAS CEM MIL SONHOS
HOMENAGEM AOS 50 ANOS DA PASSEATA DOS CEM MIL: MAIOR MANIFESTAÇÃO POPULAR CONTRA A DITADURA MILITAR NO PAÍS
Copyright© 2018
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido, em qualquer meio, sem autorização prévia dos autores/ Selo Editorial Starling.
Editor: Rodrigo Starling Capa: Jackson Abacatu
Fotos capa e contracapa: Evandro Teixeira Fotos entrevista: 3 e 6, acervo Evandro Teixeira 1,2,4,5,7,8,9,10, acervo Vladimir Palmeira
11, acervo Rodrigo Starling.
S795 |
Starling, Rodrigo (Org.)
Cem Poemas, Cem Mil Sonhos - Homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país / Rodrigo Starling (Org.) Belo Horizonte: Starling, 2018. 168 p. 1. Poesia brasileira. I.Starling, Rodrigo. II.Título CDU: 869.0(81)-1 |
Rodrigo Starling (Org.)
CEM POEMAS CEM MIL SONHOS
HOMENAGEM AOS 50 ANOS DA PASSEATA DOS CEM MIL:
MAIOR MANIFESTAÇÃO POPULAR CONTRA A DITADURA MILITAR NO PAÍS
Starling 2018
PREFÁCIO PREÂMBULO
ADILSON QUEVEDO
ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER
ALDIRENE MÁXIMO
ALMIR ZARFEG
ANA SAMPAIO
ANDRÉ SIQUEIRA
BILÁ BERNARDES
BRENDA MARS
BRUNO CANDÉAS
CLÁUDIO MÁRCIO
CLEVANE PESSOA
EDISON DE ALMEIDA
ELISA DE JESUS
EVILÁSIO JÚNIOR
FABIANO MENDONÇA
FÁTIMA SAMPAIO
FERNANDA LIBERATO
HELENICE MARIA REIS ROCHA
HYANNA DA CUNHA
ISABELLA BRETZ
ISRAEL FARIA
JOÃO EVANGELISTA RODRIGUES
JOSÉ HILTON ROSA
JULLIE VEIGA
LEANDRO CAMPOS ALVES
LUIZ D SALLES
LUIZA SILVA OLIVEIRA
MANOEL BARBOSA
MARIA LUIZA MOTA
MARIA TERESA CAMARGO REGINA MOREIRA
MARIA TEREZA PENNA
MARIANNE STOKLASA
NANDO HERRERA
NOÉLIA RIBEIRO
ODENIR FERRO
RODRIGO STARLING
ROGÉRIO SALGADO
ROGER WILLIAN
RONILSON DE SOUSA LOPES
RUBENS JARDIM
TCHELLO D'BARROS
TRABION
VIVIANE CASTELLEONI
VIRGILENE ARAÚJO
ENTREVISTA A VLADIMIR PALMEIRA SOBRE DALVA SILVEIRA
SELO EDITORIAL
Em memória de
Edson Luís de Lima Souto (1950-1968)
PREFÁCIO
Por Dalva Silveira
Caminhando e cantando
e seguindo a canção
Somos todos iguais
braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas,
campos, construções
Caminhando e cantando
e seguindo a canção.
Vem, vamos embora,
que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer
Este é o trecho inicial da música intitulada “Pra não dizer que não falei das flores”, conhecida popularmente como “Caminhando”. Segundo o encarte do CD Nação nordestina, de Zé Ramalho, o motivo de sua criação foi a Passeata dos Cem Mil, ocorrida em junho de 1968, no antigo estado da Guanabara, na qual Geraldo Vandré, o autor da emblemática canção, teria se inspirado, quando, do alto de um edifício da Candelária, observava a manifestação. Decerto que ver um movimento popular é algo muito inspirador, ainda mais uma marcha como esta, ocorrida num momento que conclamava a coletividade a assumir uma posição inequívoca sobre o dramático contexto político da época.
No fatídico ano de 1968, o povo brasileiro viveu um período permeado por grandes tensões e cerceamento das liberdades civis. Em março daquele ano, no centro do Rio de Janeiro, em uma manifestação por melhorias no restaurante Calabouço, o estudante secundarista Edson Luís é morto pelo aspirante da PM Aloísio Raposo. A notícia de sua morte provocou grande comoção e trouxe como consequência várias outras manifestações que culminariam nesta histórica Passeata dos Cem Mil. Entre outras atrocidades ocorridas em cidades brasileiras, em agosto, foi a vez de Brasília, quando a UnB foi invadida por agentes do DOPS, provocando ferimentos em vários estudantes. Mas o auge da crise ainda estava por vir.
Tais acontecimentos levaram o deputado Márcio Moreira Alves a apresentar, no dia 2 de setembro, na Câmara Federal, um discurso de protesto que propunha o boicote às comemorações de 7 de setembro, dia da Independência. A resposta da ditadura militar foi um pedido para que o Congresso votasse, em sessão do dia 12 de dezembro de 1968, um processo contra o parlamentar, que resultou na derrota do governo. Frente a essa nova perda de legitimidade, a solução encontrada pelo governo do general presidente Arthur da Costa e Silva foi a promulgação do Ato Institucional nº 5.
Sendo assim, pode-se apontar como um dos principais objetivos da promulgação do AI-5 o esmagamento dessa resistência ao governo ditatorial. A partir daquele momento, assistimos ao fim das liberdades democráticas, quando, então, o governo militar assumiu sua face mais repressiva: censurou os meios de comunicação e as manifestações artísticas que não correspondiam ao ideal da “Revolução de 1964”. As mudanças que daí decorreram foram desastrosas para a cultura brasileira. Oportuno rememorar um depoimento de Zuenir Ventura, presente no artigo “A falta de ar”, escrito em agosto de 1973, portanto, no calor dos acontecimentos. Nesse texto, o escritor observa a intensificação de uma cultura essencialmente comercial, padronizada e sem pretensões de originalidade, cujo objetivo era distrair e impedir tudo o que levasse a “fazer pensar”. Essa tendência assinalou uma direção para a cultura veiculada, nas décadas posteriores, pela maioria dos canais de comunicação da tradicional mídia brasileira.
Uma das vítimas do AI-5, e que ilustra muito bem a repressão da ditadura militar no campo da música é Geraldo Vandré. O lançamento de “Caminhando”, durante o III Festival Internacional da Canção, ocorrido em setembro de 1968, num cenário de recrudescimento do embate entre o governo militar e a esquerda, provocou a proibição de sua execução, bem como a perseguição ao seu compositor, o seu exílio, o seu retorno traumático ao Brasil e o encerramento prematuro de sua carreira.
Sendo assim, não se pode dizer, com certeza, que a ditadura destruiu sua vida, mas, depois da promulgação do AI-5, Vandré não prosseguiu com sua atividade artística pública.
Porém, se ocorreu uma “morte em vida” do compositor, o mesmo não se pode dizer de sua composição. A música, ao conseguir sintetizar o sentimento contido nos movimentos de resistência à ditadura militar, ganhou vida própria, tornou-se símbolo da luta contra a repressão política, o autoritarismo, a censura e outras formas de opressão, e fez história, pois vem embalando passeatas e movimentos sociais até a atualidade, inclusive durante o tempo em que esteve proibida. Interessante observar que as medidas repressoras empregadas pelo regime militar não foram suficientes para apagar a canção da memória coletiva nacional.
“Hino de Guerra”, “Slogan para as manifestações estudantis”, “Marselhesa brasileira”, “Hino da esquerda”, “Paradigma da canção de protesto brasileira”, “Hino de contestação à ditadura” e “Hino revolucionário”. Essas são algumas expressões usadas para fazer referência à “Caminhando” e que demonstram a conotação política que lhe foi atribuída. Todo esse simbolismo, somado à trajetória da composição, mostra o quanto a poesia pode ser revolucionária e imortal. E esse foi um dos motivos pelos quais aceitei prontamente e fiquei muito feliz quando Rodrigo Starling, organizador da Antologia Poética Cem poemas, cem mil sonhos: homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil, maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país, me fez o convite para fazer o prefácio dessa coletânea.
Outro motivo é que a proposta do livro, ao reunir cinquenta poetas, me fez lembrar o espírito da coletividade, do sentimento de partilha e idealismo da resistência dos anos de 1960 e início da década de 1970. Com a promulgação do AI-5 e a subsequente implantação e consolidação da indústria cultural, essa ideologia de transformação do mundo, tão presente na arte brasileira dessas décadas, vem se perdendo. Mas eu ainda tenho muita esperança que isso possa ser recuperado. Nesse sentido, considero este livro uma valiosa contribuição para esse necessário resgate.
Importante lembrar que a revogação do AI-5 só ocorreu em 1º de janeiro de 1979. Essa foi acompanhada por uma lei de anistia, publicada em agosto desse mesmo ano, que não levou em consideração a indiscutível necessidade de que todos fossem responsabilizados por seus crimes, tornando-se o único país latino-americano que vivenciou a experiência ditatorial das décadas de 1960/70 em que os torturadores não foram julgados. Isso cooperou para o enraizamento da prática da impunidade no país e para a perpetuação de uma cultura de violência e desrespeito aos direitos humanos, a que assistimos constantemente no nosso cotidiano. Frente a essa realidade, torna-se inadiável rememorar, discutir, esclarecer e repassar às novas gerações as atrocidades cometidas no período da ditadura militar. Nesse sentido, valorizo muito uma coletânea que homenageia a Passeata dos Cem Mil, num momento em que iniciativas que buscam recolocar em pauta os valores democráticos no Brasil se mostram mais que oportunas, imprescindíveis.
Finalmente, devo dizer que este livro é muito necessário, porque os poetas nos enchem de esperanças, sentimento vital no contexto em que estamos vivendo. E por isso mesmo, espero que os poemas aqui publicados contribuam para a sempre fundamental resistência a toda forma de opressão. Avante!
Soneto e poema Classificados.
Tempo.
O tempo abranda a dor,
cura o corte,
cicatriza as lembranças,
acalenta a morte, nos enche de esperanças.
O tempo abranda o passado,
cura a ferida,
apaga o que era errado,
harmoniza o presente da vida.
O tempo é o único remédio,
que abranda a desilusão,
e faz renascer uma nova paixão.
O tempo cura, acalma, aconselha,
age, ensina, molda e espelha.
É ele o refrigério da alma que nos acalma.
Soneto: Tempo
Autor: Leandro Campos Alves
Livros:
Lembranças - 2018 & Coletânea " Cem poemas, Cem mil sonhos" - 2019
Pessoas.
Tem gente que se acha grande.
Tem gente que se acha justo.
Tem gente que se acha gente.
Mas nem toda grandeza traz segurança,
nem toda justiça é perfeita,
nem todo achar nos faz ser gente.
A vida é feita de atos.
A gente é feito pelo amor,
e o amor...
É feito de respeito.
A grandeza é ilusória.
A justiça só a divina.
E a história?
É o reconhecimento de quem foi gente.
Poema: Pessoas
Autor: Leandro Campos Alves
livros:
Lembranças - 2018 & Coletânea "Cem poemas, Cem mil sonhos" - 2019