Faço referência a este Poeta, que mesmo morando entre a DISTÂNCIA dos continentes, seus trabalhos consegue superar distância e encantar os amigos e leitores.
Convido a todos para conhecerem Luís Corredoura e alguns de seus trabalhos.
Luís Corredoura Dixit é arquitecto, mestre em Recuperação de Património, construtor de realidades paralelas nos seus escritos.
Estudou na instituição de ensino FAUL
Estudou na instituição de ensino Universidade de Évora
Frequentou Escola Secundária José Saramago – Mafra.
Natural de Pero Pinheiro, Lisboa, Portugal
Eternização
Vem… vem até mim, para os meus braços,
Para que te tenha e beije sem qualquer pudor
Além do que s’impõe quando há este ardor
Que m’impulsiona para seguir os passos
Que levam aos recônditos segredos devassos
Que intuo quereres partilhar com fervor
Para que alcances com o devido furor
O êxtase que há tanto buscas aos pedaços.
Vem… vem até mim, deixa que d’aqui te leve
Para que divagues por onde nunca andaste,
Mundos só vistos por quem a tanto s’atreve,
Os que te quero expor, como m’os revelaste
Na hora, em que, sendo tod’esta vida breve,
Tudo eterno ficou quando nua te mostraste…
Poema: Eternização
Autoria: Luís Corredoura dixit
Elucidação
Digam-me, sem pudor, o que há que constar
Para não ser visto como quem por aí anda
Sem saber qual a razão para tal demanda,
Em que vivo como que prestes a expirar.
Elucidem-me quanto ao que posso engendrar
Para que a vida não semelhe miseranda,
Nem tod’esta triste existência execranda,
Nada mais havendo para d’ambas me lastimar.
Esclareçam-me acerca do que tenho sido,
Do que julgo ser sem que saiba quem sou,
Sem que perceba que há muito ando perdido,
Quando sempre soube por onde caminho e vou,
Pois o que faço não pode ser nisto resumido
P’los que me tomam como quem por algo se matou…
Poema: Elucidação
Autoria: Luís Corredoura dixit
Absortamente
Gostava que me lessem como quem respira,
Que estas palavras fossem o ar necessário,
Indo a alma além deste imaginário
Sendo o mundo igual ao que dele s’aspira.
Seria bom que me vissem como quem s’atira
Da mais alta fraga, sem medo, temerário,
Para o vazio qu’existe, que a tudo é contrário
Ao que aqui faço sem que algo tal sugira.
Sentir-me-ia mais vivo se percebessem
Que é como um exercício matemático
O que amiúde faço e que concebessem
Que esta poesia tem um motivo prático
Para que vivam como se disso sofressem,
Do que m'afecta, que tanto tem de extático…
Luís Corredoura dixit
Prosaísmo
Nunca fui poeta, nem tento sê-lo, sequer,
Somente escrevo meras palavras avulso,
Coisas sem interesse, feitas por impulso,
Que dizem algo ou outra coisa qualquer.
Não sou bardo – falho sou d’alma que tal requer –,
Nem tampouco tenho isso que assim repulso,
Um saber um pouco estranho, assaz convulso,
Que permite sublimar tudo o que se quiser.
Na verdade, sou um mero amador d’aprendiz,
Alguém que amiúde se perde em reflexões
Para falar d’algo quando, no fundo, nada diz
Além de banalidades, fúteis meditações,
Em que mais semelho culpado do que juiz
Daquelas que são as minhas supostas emoções.
Poema: Absortamente
Autoria: Luís Corredoura dixit
Autofagia
Afecta-me a noção que sobre mim carrego
Todo o peso do mundo, qual Atlas gigante
Que nos ombros sustenta o globo suplicante
Que de mim mais quer do que sempre lhe entrego.
Tudo dou do que tenho sido, nunca me nego
Mesmo quando semelho figura contrastante
Que não sabe por que vai estando mais distante
D’uma vida que consta que só desassossego.
Perturba-me a ideia de ser quem nunca fui
Ao suportar o ónus d’uma culpa qu’ignoro
Por algo que desconheço, mas que m’exclui
Do espaço que é meu, p’lo qual imploro
Para ir fazendo o que de tudo me destitui,
Qual Cronos, quando estas criações devoro.
Poema: Autofagia
Autoria: Luís Corredoura dixit
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